sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O Cais do Porto


colagem denise terra.


A melancolia de se deparar
Com os dedos dos pés endurecidos a beira do cais do porto,
Sem ter a coragem de vir o próprio corpo se estilhaçar na água
A melancolia de perceber que nada tem sentido e não conseguir acabar com tudo isso de uma vez.
Perder a neurose
Ter medo da psicose
Se sentir só
Desamparado
Completamente pó
Estar nas cinzas e ver ainda alguma cor
Viver a angustia de ser
Viver sabendo da condenação
Da finitude.
E mesmo assim com um sorriso no corpo
Tentar um sentido
Ficar paralisado
Ficar amedrontado
Ficar horrorizado diante de um destino sem destino,
Apenas pré- determinado
E ter que dar a volta
Perder tudo
E sofrer na alma,
Pois nem o divino, nem a divindade existem mais,
E desta, tirar a ultima gota de suor diante das vísceras dilacerada.
E para não se morrer! Vivo!
Jogo-me num abismo jamais conhecido
Grito com os olhos arregalados de susto, que existe uma possibilidade de suportar o vazio,
Chamada desejo
Somente assim seremos fieis a nossa finitude.

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